Razão e Fé

"A tradição católica desde o início rejeitou o assim chamado fideísmo, que é a vontade de crer contra a razão. Creio quia absurdum (creio porque é absurdo) não é fórmula que interpreta a fé católica. Deus, na verdade, não é absurdo, mas sim é mistério. O mistério, por sua vez, não é irracional, mas uma superabundância de sentido, de significado, de verdade. Se, olhando para o mistério, a razão vê escuridão, não é porque no mistério não tenha a luz, mas porque existe muita (luz). Assim como quando os olhos do homem se dirigem diretamente ao sol para olhá-lo, veem somente trevas; mas quem diria que o sol não é luminoso, antes a fonte da luz? A fé permite olhar o “sol”, Deus, porque é acolhida da sua revelação na história e, por assim dizer, recebe verdadeiramente toda a luminosidade do mistério de Deus, reconhecendo o grande milagre: Deus se aproximou do homem, ofereceu-se ao seu conhecimento, consentindo ao limite criador da sua razão (cfr Conc. Ec. Vat. II, Cost. Dogm. Dei Verbum, 13). Ao mesmo tempo, Deus, com a sua graça, ilumina a razão, abre-lhe horizontes novos, imensuráveis e infinitos. Por isto, a fé constitui um estímulo a buscar sempre, a não parar nunca e nunca aquietar-se na descoberta inesgotável da verdade e da realidade. É falso o pré-juízo de certos pensadores modernos, segundo os quais a razão humana seria como que bloqueada pelos dogmas da fé. É verdade exatamente o contrário, como os grandes mestres da tradição católica demonstraram. Santo Agostinho, antes de sua conversão, busca com tanta inquietação a verdade, através de todas as filosofias disponíveis, encontrando todas insatisfatórias. A sua cansativa investigação racional é para ele uma significativa pedagogia para o encontro com a Verdade de Cristo. Quando diz: “compreendas para crer e creias para compreender” (Discurso 43, 9:PL 38, 258), é como se contasse a própria experiência de vida. Intelecto e fé, antes da divina Revelação, não são estranhas ou antagonistas, mas são ambas duas condições para compreender o sentido, para transpor a autêntica mensagem, se aproximando-se do limite do mistério. Santo Agostinho, junto a tantos outros autores cristãos, é testemunha de uma fé que se exercita com a razão, que pensa e convida a pensar. Neste sentido, Santo Anselmo dirá em seu Proslogion que a fé católica é fides quaerens intellectum, onde o buscar a inteligência é ato interior ao crer. Será sobretudo São Tomás de Aquino – forte nesta tradição – a confrontar-se com a razão dos filósofos, mostrando quanta nova fecunda vitalidade racional vem ao pensamento humano do acoplamento dos princípios e da verdade da fé cristã." (Trecho da Catequese de Bento XVI - Racionalidade da fé em Deus - 21/11/2012)

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Artigos sobre o Islã: Parte IV - Hadiths




Artigos sobre o Islã: Parte IV - Hadiths

Dando continuidade à série sobre o Islã, o blog publica o quarto texto de autoria de Alexandre Semedo de Oliveira*. O primeiro, você acessa clicando em:


O segundo, clicando em:


E o terceiro, clicando em:



Segue o quarto texto da série:


Hadiths


Nos artigos anteriores, pudemos expor aos leitor que, no Islã, Maomé é o supremo modelo de conduta e que conhecer sua vida é de fundamental importância para os muçulmanos. Sem tal conhecimento, tendo-se em vista que o Alcorão, em que pese sua centralidade na fé islâmica é completamente lacônico, o muçulmano comum fica privado de regras objetivas pelas quais pautar sua conduta.

A pergunta que surge, então, é qual a fonte pela qual se pode conhecer a vida desta personagem?

Obviamente que a fonte não pode ser o próprio Alcorão, mesmo porque o termo “Mohammad” é nele citado apenas quatro vezes e, em três, não necessariamente se referindo ao profeta dos árabes (lembremos mais uma vez que a tradução deste nome seria “o louvável”, que, por sua vez, é um título comum a todos os profetas).

Na verdade, a principal fonte de tal conhecimento são os chamados hadiths[1], ou os ditos e feitos (principalmente) de Maomé. São milhares e milhares de hadiths que, se verdadeiros, comporiam um quadro absolutamente detalhado de sua vida, não sendo nenhum exagero dizer-se que, praticamente dia a dia, seriam conhecidos os seus atos.

Contudo, é justamente a credibilidade dos hadiths que se põe em dúvida.

Isto porque eles começaram a ser coletados cerca de dois séculos depois da suposta morte de Maomé, quando estórias sobre ele circulavam abundantemente dentro de uma cultura oral e, portanto, passível de fácil mitificação. Existem diversas coleções de hadiths, mas, em geral, as consideradas mais emblemáticas são as de Mohammed al-Bukhari e de Muslim bin Tajajj.

Vejamo-las em separado.

a) al-Bukhari: a partir de um sonho em que afastava moscas de Maomé, Mohammad al-Bukhari acreditou ser sua divina missão percorrer o mundo islâmico coletando os ditos e feitos de seu profeta, separando os que fossem fidedignos (sahih) daqueles que fossem falsos ou, pelo menos, de autenticidade duvidosa.

Al-Bukhari, então, viajou pelas diversas províncias muçulmanas, entrevistando pessoas e coletando os hadiths. Conta-se que, ao todo, coletou cerca de 300.000 (!) ditos e feitos, reputando apenas 6.000 como sahih. Mesmo entre estes, há muitas repetições, pelo que, na verdade, a quantia total de hadith coletados e tidos por fidedignos é inferior a quatro mil (quantia esta que, convenhamos, já é assombrosa).

Para separar os hadiths verdadeiros dos falsos, al-Bukhari utilizou-se de alguns critérios. Em primeiro lugar, todo e qualquer hadith que contrariasse o Alcorão era imediatamente descartado[2]. Depois, verificava-se a chamada “cadeia de transmissão” (isnad), considerando-se como fidedigno um hadith que contasse com uma corrente ininterrupta de testemunhas.

Para se dar um exemplo do que se quer dizer, vejamos um hadith:
Nos foi relatado por Abu `Amr ibn Ahmad Othman As-Sammak Al-Baghdadi Al-Hasan: eu ouvi de ibn Mukarram, que ouviu de Othman Ibn 'Amr, que ouviu de Yunus, que falou sob a autoridade de Az-Zuhri, que falou sob a autoridade de Abdullah ibn Ka`b ibn Malik, que falou sobre a autoridade de seu pai, que pediu para Ibn Abi Hadrad pagar uma dívida, na mesquita. Durante a discussão que se seguiu, suas vozes se elevaram até que foram ouvidas pelo mensageiro de Allah (que a paz esteja com ele), que acabou levantando a cortina de seu apartamento e disse: "Ó Ka`b! Amortize uma parte de sua dívida", ele quis dizer com isto a remissão de metade. Então ele concordou, e o homem pagou-lhe. fonte: http://www.onislam.net/english/shariah/hadith/hadith-methodology/441467.html, tradução nossa)


A parte por nós colocada em negrito se refere à cadeia de transmissão. O restante é o hadith propriamente dito.

Assim, se a cadeia de transmissão fosse ininterrupta e se contasse com conhecidos e piedosos muçulmanos, então, Bukhari tomava-o como fidedigno, independentemente da consistência interna da narração, mesmo que ela viesse a retratar Maomé de uma forma grotesca ou hilária.

b) Muslim bin Tajajj: a segunda coleção tida por mais autorizada de hadiths foi coletada por Muslim bin Tajajj. Tal qual anteriormente fizera al-Bukhari, Muslim viajou o mundo muçulmano coletando as narrativas e, tal qual seu antecessor, chegou a ajuntar cerca de 300.00 delas, separando, pelos mesmos critérios, cerca de 3.000. Sua coleção é conhecida como sahih Muslim, e os hadiths nelas narrados são tidos, pela imensa maioria dos muçulmanos, como normativos.

Desta forma, tem-se que, de um universo de aproximadamente 300.000 narrativas, tanto al-Bukhari quanto Muslim descartaram a imensa maioria delas, retendo apenas 1% do que coletaram. Isto demonstra que, à época da compilação dos hadiths, havia uma verdadeira fábrica de falsificações, por meio das quais estórias sobre Maomé surgiam da forma mais despudorada possível.

A razão para tamanha quantidade de falsificações reside no já mencionado caráter lacônico do Alcorão e em suas passagens incompreensíveis, que impunha aos muçulmanos comuns a tarefa de inventar estórias que, de um lado, estabelecessem regras práticas para o bem viver e, de outro, que pudessem permitir uma leitura minimamente inteligível de seu livro sagrado. Por meio dos hadiths, criando as chamadas “ocasiões da revelação” e projetando-as retroativamente até Maomé, os muçulmanos conseguiam dar sentido às inúmeras passagens obscuras e incompreensíveis, criando, eles próprios, um universo religioso no qual pudessem viver.

Desta forma, hadiths surgiam para justificar determinado modo de vida que, posteriormente, eram combatidos por outros hadiths que visavam denunciá-lo. Facções políticas criavam hadiths que retratavam seus heróis positivamente (com frequentes elogias de Maomé relativamente a eles) e as fações inimigas combatiam estas práticas criando, elas próprias, outras narrações, ou que fossem embaraçosas para estes mesmos personagens, ou que retratassem os personagens rivais de forma igualmente laudatória.

A confusão era evidente, daí a necessidade sentida por al-Bukhari de espantar as moscas, separando as narrativas confiáveis das francamente falsas.

Porém, e por óbvio, o critério por ele utilizado (e posteriormente seguido por Muslim) é dos mais frágeis e, poder-se-ia dizer, chega a ser pueril. Ele parte do princípio de que a narrativa pode ser falsa, mas que a cadeia de transmissão é sempre verdadeira, o que é uma tolice manifesta.

Isto porque, se é um fato aceito desde o princípio que havia uma verdadeira fábrica de hadiths falsos, não se percebe qualquer razão para que aqueles que falsificavam as narrativas não viessem a falsificar, com a mesma facilidade, as cadeias de trasmissão (isnad). Qualquer pessoa que quisesse criar uma historieta acerca de Maomé para servir aos seus propósitos pessoais não vacilaria em inventar, igualmente, uma cadeia de transmissão que lhe desse credibilidade. E, como literalmente às centenas de milhares, se criavam narrativas falsas, por óbvio que a própria credibilidade da cadeia de transmissão é nenhuma.

Assim, uma vez que o Alcorão é de todo lacônico, um muçulmano se vê obrigado a recorrer a hadiths cuja confiabilidade histórica é oca. Há uma impossibilidade objetiva de se saber o que Maomé fez ou o que deixou de fazer; o que disse, e o que calou; o que mandou e o que proibiu. Há uma impossibilidade histórica de se saber se as “ocasiões de revelação” são verdadeiras ou falsas, o que impõe a conclusão de ser impossível, objetivamente, saber-se o que boa parte do Alcorão efetivamente significa.

Por fim, tenha o leitor sempre em mente que os hadiths, por mais estranhos que pareçam e por mais obviamente falsos que sejam, se tidos por sahih (fidedignos) são normativos e cogentes para um muçulmano, que deve amoldar sua vida a eles. E, sem eles, a própria compreensão do Islã se torna impossível.

Para encerrar este pequeno artigo, gostaria de deixar alguns hadiths bastante constrangedores, porém tidos por sahih. Todos coletados do próprio al-Bukhari. E todos devem ser levados a sério pelos muçulmanos mundo a fora...

Bukhari Volume 4, Livro 54, Número 537: Narrou Abu Huraira: O Profeta disse: "Se uma mosca cai na bebida de alguém, deve-se mergulhá-la (na bebida), pois uma de suas asas traz  uma doença e a outra traz a cura desta mesma doença ".

(Bukhari 2: 134) “O sol nasce entre os dois chifres de Satanás ".

(Bukhari, Livro de Nikah 3:60). O Profeta disse: "A má sorte, a infelicidade e a desgraça podem existir em uma esposa, uma casa e um cavalo"

(Bukhari, Livro de Nikah 3:61) “Depois da minha época, a maior tribulação para os homens serão as mulheres "

(Bukhari, Livro de Nikah 3:97) “Vi que a maioria das pessoas que entram pelo portão do inferno de fogo eram mulheres.”

(Bukhari Kitabul Mahrabain e Kitabut Tib p.254) “Algumas pessoas ficaram doentes em Medina. O Profeta aconselhou-os a beber urina de camelo e leite (...).”

(Bukhari, início da criação 2: 241): “À noite, Satanás repousa em seus narizes.”

Fixadas, pois, a importância do Alcorão, de Maomé e dos hadiths, pretendemos num futuro próximo, se Deus o permitir, tratarmos talvez do assunto mais importante no mundo atual: a jihad.






[1] De plano, sinto a necessidade de esclarecer um ponto. A literatura em português acerca deste assunto é praticamente inexistente, razão pela qual utilizo-me, para abordá-lo, de fontes estrangeiras, quase todas em língua inglesa. Nesta língua, os “ditos e feitos” são tratados por hadiths, cujo singular é hadith. Não sei de nenhum termo correspondente em português e, na verdade, sequer saberia dizer se tal correspondência existe. No site http://books.islamway.net/pt/pt_forty_Hadith.pdf, utiliza-se o termo hadith como se plural fosse; em outros, parece que o plural é feito como ahadith. Uma vez que não tenho condições pessoais de verificar qual é a forma mais correta, preservo aquela com a qual estou mais acostumado: hadith (para o singular) e hadiths( para o plural)
[2] Este critério, embora faça todo sentido para um muçulmano piedoso, peca pela falta de objetividade para quem não é muçulmano. Isto porque, a rigor, não existe nenhuma razão objetiva para supor-se que Maomé não teria ensinado algo que contrariasse o Alcorão ou praticado algo que também o contrariasse. Historicamente, é de todo possível que tal contrariedade tenha se verificado, e desprezar tais hadiths pode significar privar o fiel muçulmano de um quadro objetivo de seu profeta.


* O autor é Juiz de Direito no Estado de São Paulo.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Como provar que Jesus é Deus?

Como provar que Jesus é Deus?









Os homens de nosso tempo, embora aceitem Jesus Cristo como um grande líder religioso, estão cada vez menos dispostos a reconhecê-lo como Deus. A Sua divindade, no entanto, é a coluna vertebral da religião cristã, sem a qual todo o edifício da fé rui inevitavelmente. Afinal, se Jesus é Deus, tudo o que disse é verdadeiro – e a Ele devemos, pela fé, “plena adesão do intelecto e da vontade”, já que Deus “não pode enganar-se nem enganar” ninguém [1] –, mas, se é apenas uma pessoa “iluminada”, a religião que fundou pode muito bem ser remodelada ao gosto dos tempos.
Para provar que Jesus é Deus, o autor C. S. Lewis serviu-se de um argumento que já era apresentado desde o início da Igreja e apresentou-o no livro Mere Christianity [“Cristianismo puro e simples”, no Brasil]. Ele chamou o argumento de “the shocking alternative – a alternativa estarrecedora”:
“Entre os judeus surge, de repente, um homem que começa a falar como se ele próprio fosse Deus. Afirma categoricamente perdoar os pecados. Afirma existir desde sempre e diz que voltará para julgar o mundo no fim dos tempos. Devemos aqui esclarecer uma coisa: entre os panteístas, como os indianos, qualquer um pode dizer que é uma parte de Deus, ou é uno com Deus, e não há nada de muito estranho nisso. Esse homem, porém, sendo um judeu, não estava se referindo a esse tipo de divindade. Deus, na sua língua, significava um ser que está fora do mundo, que criou o mundo e é infinitamente diferente de tudo o que criou. Quando você entende esse fato, percebe que as coisas ditas por esse homem foram, simplesmente, as mais chocantes já pronunciadas por lábios humanos.”
“Há um elemento do que ele afirmava que tende a passar despercebido, pois o ouvimos tantas vezes que já não percebemos o que ele de fato significa. Refiro-me ao perdão dos pecados. De todos os pecados. Ora, a menos que seja Deus quem o afirme, isso soa tão absurdo que chega a ser cômico. Compreendemos que um homem perdoe as ofensas cometidas contra ele mesmo. Você pisa no meu pé, ou rouba meu dinheiro, e eu o perdôo. O que diríamos, no entanto, de um homem que, sem ter sido pisado ou roubado, anunciasse o perdão dos pisões e dos roubos cometidos contra os outros? Presunção asinina é a descrição mais gentil que podemos dar da sua conduta. Entretanto, foi isso o que Jesus fez. Anunciou ao povo que os pecados cometidos estavam perdoados, e fez isso sem consultar os que, sem dúvida alguma, haviam sido lesados por esses pecados. Sem hesitar, comportou-se como se fosse ele a parte interessada, como se fosse o principal ofendido. Isso só tem sentido se ele for realmente Deus, cujas leis são transgredidas e cujo amor é ferido a cada pecado cometido. Nos lábios de qualquer pessoa que não Deus, essas palavras implicam algo que só posso chamar de uma imbecilidade e uma vaidade não superadas por nenhum outro personagem da história.”
“No entanto (e isto é estranho e, ao mesmo tempo, significativo), nem mesmo seus inimigos, quando lêem os evangelhos, costumam ter essa impressão de imbecilidade ou vaidade. Quanto menos os leitores sem preconceitos. Cristo afirma ser ‘humilde e manso’, e acreditamos nele, sem nos dar conta de que, se ele fosse somente um homem, a humildade e a mansidão seriam as últimas qualidades que poderíamos atribuir a alguns de seus ditos.”
“Estou tentando impedir que alguém repita a rematada tolice dita por muitos a seu respeito: ‘Estou disposto a aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas não aceito a sua afirmação de ser Deus.’ Essa é a única coisa que não devemos dizer. Um homem que fosse somente um homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre da moral. Seria um lunático – no mesmo grau de alguém que pretendesse ser um ovo cozido – ou então o diabo em pessoa. Faça a sua escolha. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco ou coisa pior. Você pode querer calá-lo por ser um louco, pode cuspir nele e matá-lo como a um demônio; ou pode prosternar-se a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas que ninguém venha, com paternal condescendência, dizer que ele não passava de um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa opção, e não quis deixá-la.” [2]
Não é possível que Cristo tenha sido simplesmente “bom”, já que Ele mesmo manifestava, em seus discursos, a consciência de ser Deus encarnado. Não só o disse explicitamente, por exemplo, aos fariseus: “Antes que Abraão existisse, eu sou” [3], como os próprios judeus tinham entendido aonde Ele queria chegar: “Não queremos te apedrejar por causa de uma obra boa, mas por causa da blasfêmia. Tu, sendo apenas um homem, pretendes ser Deus!” [4].
Diante disso, ou se admite que Jesus é Deus ou, então, trata-se de uma pessoa má, seja moral – não sendo Deus, Ele teria mentido –, seja intelectualmente – se Se enganou, não sabendo de Sua própria identidade, é alguém evidentemente louco. O apologista protestante norte-americano Josh McDowell chama isso de “trilema dos três L’s”: se Jesus não é Lord (Senhor), ou é um lier (mentiroso) ou um lunatic (lunático).
Mas, Ele não pode ser um mentiroso perverso. Um homem que amou tanto, a ponto de entregar a própria vida, que transformou inúmeras pessoas com o Seu olhar bondoso e misericordioso, não pode ser um farsante. Ao mesmo tempo, descarta-se que Ele seja um lunático. Se não tinha consciência de quem Ele próprio era, como possuía uma consciência tão aguda do que é a pessoa humana, a ponto de lermos nas páginas do Evangelho como que uma “radiografia” de nossas vidas?
Assim, não resta às pessoas outra alternativa senão crer na divindade de Nosso Senhor.
Os teólogos liberais, no entanto, tentam escapar desse ótimo argumento por duas vias. Primeiro, acusando as Sagradas Escrituras de mentirosas: para fugir de Deus feito homem, eles dizem que o Novo Testamento não é nada mais que uma invenção da comunidade primitiva, que criou um “Jesus da fé” em total oposição ao “Jesus histórico”. Como explicar que esses cristãos aparentemente mentirosos tenham sido os mesmos a darem a vida por aquilo em que acreditavam, é um mistério que esses teólogos se recusam a responder. Homens de fibra, que derramaram o próprio sangue pelo Evangelho, não se identificam com uma comunidade de aproveitadores e charlatães, que teriam forjado uma história só para enganar os outros. Afinal, ninguém dá a vida por uma mentira. As pessoas mentem para salvar a vida, não para perdê-la, como fizeram os primeiros mártires da fé cristã.
Esses mesmos teólogos também recorrem a uma “orientalização” de Cristo: após uma visita à Índia, Jesus teria saído de lá pregando o panteísmo hinduísta, o qual foi o motivo de Sua morte. Mas, qualquer pessoa com um pouco de conhecimento sobre religiões sabe que os ensinamentos do Evangelho são absolutamente incompatíveis com as crenças orientais [5].
Ainda que toda essa explicação seja convincente, não é suficiente para dar a uma pessoa a fé, que “a Igreja a professa como virtude sobrenatural, pela qual, sob a inspiração de Deus e com a ajuda da graça, cremos ser verdade o que ele revela, não devido à verdade intrínseca das coisas conhecida pela luz natural da razão, mas em virtude da autoridade do próprio Deus revelante” [6]. Uma vez diante dos preambula fidei, é preciso bater às portas de Deus e pedir-Lhe, humildemente, o tesouro da fé.

Referências

  1. Concílio Vaticano I, Constituição dogmática Dei Filius, 24 de abril de 1870: DS 3008
  2. Cristianismo puro e simples, II, 3
  3. Jo 8, 58
  4. Jo 10, 33
  5. No livro “O Diálogo” (Mundo Cristão, 1986), o filósofo Peter Kreeft se aproveita de uma coincidência histórica – a morte de John F. Kennedy, Aldous Huxley e C. S. Lewis no mesmo dia 22 de novembro de 1963 – para criar uma discussão interessante sobre a identidade de Jesus Cristo.
  6. Concílio Vaticano I, Constituição dogmática Dei Filius, 24 de abril de 1870: DS 3008

Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/como-provar-que-jesus-e-deus?utm_source=Lista+de+E-mails+%5BPadre+Paulo+Ricardo%5D&utm_campaign=0b4cdb6839-12ago2014newsletter&utm_medium=email&utm_term=0_a39ff6e1ce-0b4cdb6839-386928189&mc_cid=0b4cdb6839&mc_eid=9eb6575573

terça-feira, 22 de julho de 2014

A natureza sem a graça

A natureza sem a graça

O triste projeto de um povo que, fingindo ignorar que a natureza humana é decaída pelo pecado original, vive como se Deus não existisse.
Em sua obra para destruir o “organismo misterioso de Cristo”, o inimigo tem querido, nas palavras do Papa Pio XII, “a natureza sem a graça” [1].
De fato, antes mesmo da criação do homem, já se havia manifestado a soberba de Satanás, que queria ser igual a Deus por suas próprias forças. É claro que o demônio não procurava ser como Deus “por equiparação”, isto é, transmutando-se na natureza divina. Ele “sabia, por conhecimento natural, ser isso impossível”, explica Santo Tomás. Porém, ele queria ter “como fim último a semelhança com Deus, que é dom da graça, (...) pela virtude da sua natureza, e não pelo auxílio divino, segundo a disposição de Deus” [2]. Citando Santo Anselmo, resume o Aquinate que o demônio desejou aquilo que obteria se perseverasse.
É o próprio Tomás quem explica em que sentido o desejo de assemelhar-se a Deus é pecaminoso. Porque se é verdade que o diabo caiu por querer ser como Ele, também é verdade que o próprio Senhor ordenou: “Santificai-vos e sede santos, porque eu sou santo” [3]; e repetiu, pela boca do Verbo encarnado: “Sede, portanto, perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito” [4]. Ora,
“quem neste sentido deseja ser semelhante a Deus não peca, pois, deseja alcançar a semelhança com Deus na ordem devida, a saber, enquanto tem essa semelhança recebida de Deus. Se, porém, desejasse ser semelhante a Deus por justiça, como por virtude própria e não pela virtude de Deus, pecaria.” [5]
Foi deste último modo – “por justiça, como por virtude própria” – que o demônio se quis assemelhar a Deus. E para esse mesmo caminho de morte ele seduziu a humanidade: “No dia em que comerdes da árvore, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus” [6]. Eva, atraída pela aparência do fruto e pelas palavras do tentador, “colheu o fruto”, arrebatando-o com violência. A humanidade, feita à imagem e semelhança de Deus, acabava por imitar o diabo, tentando dominar, à força, aquilo que se deveria receber como um dom gratuito do Criador.
Aparentemente, até esta parte da história, o projeto do inimigo de edificar “a natureza sem a graça” tinha alcançado grande sucesso.
Mas, “se pelo pecado de um só toda a multidão humana foi ferida de morte, muito mais copiosamente se derramou, sobre a mesma multidão, a graça de Deus, concedida na graça de um só homem, Jesus Cristo” [7]. O Verbo, existindo em condição divina, “não se apegou ao ser igual a Deus”. Nesse trecho da Carta aos Filipenses, São Paulo usa a palavra grega “ἁρπαγμὸν” (lê-se: harpagmón), apresentando um contraste com a atitude dos primeiros pais: enquanto Eva se quis apropriar indevidamente da divindade, o próprio Deus se rebaixou à nossa humanidade, “assumindo a forma de escravo”, humilhando-se e “fazendo-se obediente até à morte – e morte de cruz!” [8]. Tudo isso para conceder-nos a Sua filiação divina: “Por natureza só há um Filho de Deus, que, por sua bondade, se fez por nós filho do homem, a fim de que, filhos do homem por natureza, por sua mediação nos tornássemos filhos de Deus por graça” [9].
Se, por um lado, é grande a misericórdia de Deus, por outro, é uma constante na história a tentação de abandoná-Lo e “roubar” o tesouro sobrenatural. A heresia pelagiana, ainda nos primeiros séculos da Igreja, colocou inúmeras pessoas no caminho de uma terrível torre de Babel. Corria-se em busca do Céu, mas se buscava alcançá-lo por esforços puramente humanos.
Hoje, tragicamente, o Céu não é a meta de quase ninguém. Um pouco de sucesso profissional, mais um punhado de prazeres passageiros e uma casa confortável na praia, são o medíocre projeto do homem deste século, que desconhece o significado de “graça”, “pecado” ou das mais elementares verdades da fé. Realidade triste que, infelizmente, é passada também aos mais jovens. Está praticamente consolidada entre nós uma educação naturalista, permissiva e liberal, pela qual o ser humano não passaria de um “bom selvagem” e quaisquer atos humanos poderiam ser aceitáveis, desde que acomodados ao terreno já vilipendiado da consciência.
“A natureza sem a graça” é o triste projeto de Satanás – e de um povo que, fingindo ignorar que a natureza humana é decaída pelo pecado original, vive como se Deus não existisse.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere
  1. Pio XII, Discorso agli uomini di Azione Cattolica, 12 ottobre 1952
  2. Suma Teológica, I, q. 63, a. 3
  3. Lv 11, 44
  4. Mt 5, 48
  5. Suma Teológica, I, q. 63, a. 3
  6. Gn 3, 5
  7. Rm 5, 15
  8. Fl 2, 6-8
  9. Santo Agostinho, De Civitate Dei, XXI, 15
Fonte: https://padrepauloricardo.org/

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Como era a confissão com o Santo Padre Pio?


Como era a confissão com o Santo Padre Pio?

Padre Pio tinha o Carisma de Conhecer o interior das pessoas a consciência.

            “Aquelas a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, ser-lhe-ão retidos”. (Jo 20,23)
Essas palavras de Jesus eram bem impressas no coração de Padre Pio, unicamente pela percepção de ter de ser ministro da Misericórdia Divina. Mas sabia se podia absolver ou não absolver, segundo a disposição do penitente.
Era severo com os curiosos, hipócritas e mentirosos, e amoroso e compassivo com os verdadeiramente arrependidos.

Seu confessionário não era uma máquina de absolvições, mas um lugar de conversas. Queria que o arrependimento por todos os pecados, quer mortais ou veniais, fosse verdadeiro. Nisto era clara sua percepção de absoluta santidade de Deus, da necessidade que a alma chegasse ao Juízo, purificada nesta Terra, além de estado de Graça, porque sabia bem como são grandes as penas do Purgatório.
        
Ficaram conhecidos vários casos de pessoas que, confessando, acusavam-se assim:
-“Padre, eu cometi pecadinhos usuais, as besteiras de sempre....”.
E ele, irredutível:
- “Pecadinhos? Besteira ofender a Deus? Vá embora”, e naquele momento não havia nada a ser feito.
         Suas confissões são como atos de anúncio e de salvação, de dor e de glória, de reprimenda e de amor.

Atesta uma carta de Foggia, em 23 de agosto de 1916:
         “Deveria saber que não me deixaria um momento livre: um turbilhão de almas sedentas de Jesus me desabam, antes mesmo de colocar as mãos nos bolsos” (Ep. I).
         Ele se prodigaliza com a evidente certeza que o confessionário é um tribunal de Misericórdia Divina, mas ao mesmo tempo a sofrida função da caridade sacerdotal.
        
Para um penitente, disse:
         “Não vê como está escuro? Vá colocar as coisas no lugar, muda de vida e depois volta que eu te confesso”.
         Padre Tarcisio, presenciou a cena, ficou abatido por aquela resposta, mas Padre Pio lhe disse:
         “Se tu soubesses como essas situações ferem primeiro o meu coração! Mas se fosse assim, muitos não se converteriam a Deus...”.
         Muitas vezes repetia:
         “Gerei-lhe no amor e na dor”. Eu posso também golpear os meus filhos, mas choro por todos os que me procuram! Quero carregá-los sem resistência, como uma pipa”.

Levava ao coração dos penitentes, esperança e fidelidade no perdão divino. Escreveu:
         “Você não tem tempo de amar o Senhor? Não O ama ainda? Não deseja amá-Lo para sempre? Não tenha medo por isso! Mesmo admitindo que você tenha cometido todos os pecados deste mundo, Jesus te repete: ‘são-te perdoados muitos pecados, porque muito você amou”’ (Ep.III).
         E mais uma vez:
         “Tenho como certo que Deus pode regenerar tudo em uma criatura concebida no pecado e que carrega a carga hereditária permanente de Adão: mas não pode, absolutamente, rejeitar o desejo sincero de amá-Lo” (Ep. IV).
        
Uma alma que lhe pedisse o que fosse no confessionário, respondia:
“O trono deve ser a maestria de Deus”.
A um jovem que chorava, Padre Pio perguntou:
- “Por que chora?”.
    Respondeu:
- “Porque não me deu absolvição”.
   Com carinho, Padre Pio consolou-o:
“Filho, é assim, a absolvição não te foi negada para mandá-lo ao inferno, mas ao paraíso”.
        
O cardeal Lercaro, durante o Congresso Eucarístico diocesano de Trapani, em 1969, celebrando o padre, disse:
         “O confessionário era para ele um manancial de sofrimento interior, espiritual: a sua paixão. O pecado pesava sobre ele, o pecado que ele escutava, contestava e reprovava, por chamar a si aquela misericórdia de Deus; o pecado, que em nome de Deus perdoava, era uma ferida em sua alma... Ele unia seu sofrimento ao de Cristo para que a culpa dos irmãos fossem perdoadas”.
        
A sede de almas o fazia rezar também longas noites de vigília. Um confrade é testemunha de sua súplica:
         “Jesus, Maria, piedade!”; “Oh, Jesus, te recomendo aquela alma, deve convertê-la, salvá-la...Se tiver que castigar os homens, castiga-me, ficarei feliz... Ofereço-me por inteiro a Ti, por todos eles”.
        
Padre Pio costumava dizer:
         “Se soubessem quanto custa uma alma! As almas não foram dadas de presente: foram compradas! Vocês ignoram aquilo o que custaram a Jesus. Ora, precisam pagar-Lhe sempre com a mesma moeda?”.
        
Escreveu ao padre Benedeto em 3 de junho de 1919:
         “Todo o tempo é curto para libertar os irmãos das garras de Satanás. Bendito seja Deus... A maior caridade é aquela de tirar as almas de Satanás e ganha-las a Cristo. E neste ponto, sigo assiduamente, de noite e de dia... vi esplêndidas conversões” (Ep.I).
        
E tinha um verdadeiro propósito. Muitos de nós se confessa com rapidez, quase como um hábito. Com ele isso não era possível.
Uma vez um jovem disse:
-“Sabe? Tive que voltar três vezes para que Padre Pio me desse a absolvição. Eu não entendi porque me mandava ir embora; eu parecia ser sincero, arrependido. Na terceira vez havia em mim uma certa decisão para corrigir-me de um defeito. Sem que dissesse nada, o padre foi breve e me liberou”.
Ele podia fazer coisas assim porque se demorava muito, mas nem a todos era possível. Em algumas Missas, se alguém, após ter se confessado, precisasse de confessar novamente, deveria esperar passar ao menos sete dias. Sim, porque muitos voltavam a San Giovanni até serem absolvidos.
        
Este é um fato que merece um aprofundamento maior. Muitas vezes seus confrades faziam observações a este respeito, recomendando-lhe que desse alguma indulgência. Mas ele respondia: “O faço para o bem dele; não acredita que eu sofro também? Mas se tu soubesses como ficam depois, como não sossegam!”.
         Há, casos de pessoas que partiram de San Giovanni Rotondo revoltados contra o Padre Pio por não terem obtido a absolvição, decididas a não voltarem mais. Mas depois entendiam, logo em seguida, e sentiam um desejo quase irresistível de retornar.
        
Padre Pio amava o pecador, mas era intransigente com o pecado. Eram típicas certas frases suas: “Asseguro, tu vais para o inferno”; “Quando deixarás de fazer porcarias?”; “Não sabes que é pecado mortal? Vai embora!”. A multidão implorava, insistia, mas era difícil que mudasse de opinião daquela vez. Não guardava a fisionomia de ninguém: rico ou pobre, bonito ou feio, ele guardava as almas. Todos em fila, iguais, fosse um ministro ou um operário.
        
Muitos haviam dito:
“Que semelhança deve ter como o juízo de Deus, com as almas todas descobertas”. Um fator humano também contribuía: com a freqüência espera longa, de dias ou mesmo de semanas, havia a necessidade de serem breves, pelo grande fluxo, de modo que as pessoas preparassem bem o que iriam dizer. Era o momento de pensar, passar e repassar o próprio discurso.
         Se sabia, e diziam, que ele era dulcíssimo quando alguém estava realmente arrependido; prático em guiar as almas dizendo algum elogio; paciente, logo após a confissão, ainda escutava. Certamente, trabalhava muito com a Graça de Deus para predispor as almas, para fazê-las compreender a gravidade do pecado.

         Do Padre Pio confessor ficou impresso o gesto solene como qual dava a bênção pronunciando as palavras de absolvição. Todos os sacerdotes absolvem; mas a absolvição através de Padre Pio trazia uma paz que era um verdadeiro dom de Deus. Muitas vezes, com um pequeno gesto. Um sacerdote entendia ver, enquanto Padre Pio levantava a mão, uma pequena gota de sangue que se acendia no meio da chaga; ele percebeu um grande significado; deve ter sentido o quanto custava ao padre as confissões.


Fonte: http://www.derradeirasgracas.com/2.%20Segunda%20P%C3%A1gina/O%20Santo%20Padre%20%20Pio.htm


A destruição arquitetada por um anjo - A lenta e gradual construção da “cidade dos homens” é obra de uma inteligência angélica


A destruição arquitetada por um anjo


A lenta e gradual construção da “cidade dos homens” é obra de uma inteligência angélica
Em uma das muitas alocuções que proferiu, o Papa Pio XII indicou o caminho que o demônio pavimentou, ao longo da história, para destruir o homem, criado à “imagem e semelhança” de Deus [1]:
“Ele se encontra em todo lugar e no meio de todos: sabe ser violento e astuto. Nestes últimos séculos tentou realizar a desagregação intelectual, moral, social, da unidade no organismo misterioso de Cristo. Ele quis a natureza sem a graça, a razão sem a fé; a liberdade sem a autoridade; às vezes a autoridade sem a liberdade. É um ‘inimigo’ que se tornou cada vez mais concreto, com uma ausência de escrúpulos que ainda surpreende: Cristo sim, a Igreja não! Depois: Deus sim, Cristo não! Finalmente o grito ímpio: Deus está morto; e, até, Deus jamais existiu. E eis, agora, a tentativa de edificar a estrutura do mundo sobre bases que não hesitamos em indicar como as principais responsáveis pela ameaça que pesa sobre a humanidade: uma economia sem Deus, um direito sem Deus, uma política sem Deus. O ‘inimigo’ tem trabalhado e trabalha para que Cristo seja um estranho na universidade, na escola, na família, na administração da justiça, na atividade legislativa, na assembleia das nações, lá onde se determina a paz ou a guerra.” [2]
A primeira coisa que Pio XII faz é colocar as pessoas diante do “nemico”. O Papa quer convencer os homens de que a obra de destruição que se apresenta aos seus olhos não é fruto do acaso ou, como pregam os progressistas, do zeitgeist – o “espírito dos tempos”. Trata-se, de verdade, de um empreendimento demoníaco. Há, por trás de toda a confusão e barbárie deste e de outros séculos, uma inteligência angélica, que, desde que caiu, trabalha incessantemente para perverter a obra da Criação e fazer perder as almas que Cristo conquistou com o Seu sangue, na Redenção.
Como explicar que o projeto de um anjo se torne tão concreto e visível no decorrer da história, só é possível a partir dos agentes humanos que, juntamente com o demônio, bradaram “non serviam”, a fim de servirem ao mal. Embora seus destinos eternos estejam nas mãos de Deus – e só Ele possa dizer se o “oitavo sacramento”, a ignorância invencível, os salvou –, suas obras humanas denunciaram clamorosamente sua identidade. Do Imperador Nero, no século I, passando pelos iluministas anticristãos, até Karl Marx e seus seguidores, muitos foram os homens que aderiram abertamente ao projeto do mal e muitos foram os passos dados rumo ao “amor de si até ao desprezo de Deus” [3].
É verdade que, hoje, tantas coisas más e perversas que os homens cometem ganham gentilmente outros nomes. Hoje sequer se ouvem mais as palavras “pecado” ou “erro”. Todas as ações humanas transitam entre o “conveniente” e o “socialmente inapropriado”, entre o “agradável” e o “politicamente correto”. Só que nem mil jogos de palavras podem mudar ou desfazer a realidade das coisas. Conscientemente ou não, quem quer que trabalhe para implantar no mundo um “sistema de pecado” – como é o caso de organizações que financiam o aborto, de grupos que querem a destruição da família e de religiosos que pedem a implantação de uma religião única e mundial, sem Cristo e sem a Igreja – está trabalhando para Satanás.
As palavras não são exageradas. O próprio Jesus não poupou palavras para denominar os mentirosos: “Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai”. Semelhantes palavras podem ser dirigidas a quem, obstinado no mal, opera incansavelmente para defender a morte e a mentira, obras daquele “era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade” [4].
É verdadeiramente monstruosa a construção – ou a destruição – que os filhos das trevas fazem no mundo. No entanto, não é sadio que os cristãos se detenham diante dessa imensa Babel, nem que cruzem os braços, inertes. Afinal, “todas as coisas” – inclusive a ação dos anjos decaídos – “concorrem para o bem dos que amam a Deus” [5]. Os filhos de Deus não devem temer: nas batalhas desta vida, são guiados e amparados por “aquela misteriosa presença de Deus na história, que é a Providência” [6].

Referência

  1. Gn 1, 26
  2. Pio XII, Discorso agli uomini di Azione Cattolica, 12 ottobre 1952
  3. Santo Agostinho, De Civitate Dei, 14, 28
  4. Jo 8, 44
  5. Rm 8, 28
  6. Centesimus Annus, 59
Fonte: https://padrepauloricardo.org/blog/a-destruicao-arquitetada-por-um-anjo

terça-feira, 24 de junho de 2014



O blog publica algumas notas/reflexões de Alexandre Semedo de Oliveira*, sobre temas diversos:



- Realidade, teorias, razão, capitalismo e socialismo

Chesterton, em seu livro Ortodoxia, disse que, ao contrário do que pensamos, o louco não é alguém que perdeu a razão, mas alguém que perdeu tudo, menos a razão. O verdadeiro louco é aquele que perdeu o contato com a realidade e que vive imerso em seu mundinho teórico. 

E, justamente por isto, é impossível convencê-lo do que quer que seja.

Ao dizer isto, Chesterton ilustrou, ao meu ver magistralmente, a situação intelectual do Ocidente ao menos de Kant para cá. O homem ocidental vive em torno de teorias e não se preocupa, minimamente, em confrontá-las com o mundo real. 


Somente isto pode explicar o porquê de, sendo tão evidente que o comunismo é um sistema intrinsicamente mal (e de resultados concretamente desastrosos) tantos ainda o apoiam. Como na teoria ele promete um mundo lindo, no qual todos são iguais, as pessoas que embarcam nesta bobagem fazem das tripas coração para defender a teoria (o socialismo é melhor que o capitalismo), sem jamais olhar para a realidade que a desmente da forma mais brutal possível (em qualquer país em que o comunismo se tornou a regra, as pessoas vivem a vida mais miserável que se possa imaginar, e, se possível, fariam de tudo para deixar o inferno no qual estão imersas).


Mas é o que eu digo: nada mais difícil do que convencer o Inri de que ele não é Jesus Cristo de verdade...


- Amor à Verdade, fatos e teorias, criminalidade

Caríssimos,

O ocidente se construiu sob uma premissa fundamental: verdade conhecida, verdade obedecida. Uma teoria só valia se confirmada pela realidade das coisas. Bastava que um homem sério fosse posto diante de um fato real para que, se necessário, mudasse seus conceitos, adequando-os à realidade mesma que lhe era apresentada.

Ao menos desde Kant, contudo, isto mudou. A realidade não nos importa mais. Agarramo-nos a teorias e somente a elas. Mesmo que os fatos as desmintam. Mesmo que as seguir sustentando represente, na prática, um suicídio.

Fôssemos pessoas que se curvam à realidade dos fatos, apenas esta verdade noticiada (Brasil tem 11 das 30 cidades mais violentas do mundo – linkpara notícia) já deveria bastar para que mudássemos toda nossa forma de enfrentar a criminalidade.

Porém, tudo seguirá como antes. Disto eu tenho certeza.

Mesmo diante deste quadro, surgirão vozes reafirmando que o problema é de cunho social. "Especialistas" dirão que, se tratarmos bem os bandidos, se buscarmos não sua punição (não sei porque parece absurdo a muitos que o Direito Penal vise punir os criminosos), mas sua ressocialização, que se diminuirmos a população carcerária e que se dermos tudo de graça para todos, então a violência diminuirá.

Novamente, digo que muitos se apegarão a teorias e desprezarão solenemente a realidade.

Mas a realidade é esta: talvez o Brasil seja o país mais perigoso para se viver no mundo. Depois de décadas de políticas imbecis e idiotas, depois de décadas de sentenças e acórdãos lenientes (reconheçamos nossas culpas), depois de décadas do assistencialismo mais rastaquera que se possa imaginar, a sociedade brasileira está ruindo, corrompida desde dentro em todos os valores morais.

Isto, contudo, não abalará nem um pouco a confiança dos que seguem conduzindo o país para a catástrofe, sejam eles políticos, juízes ou formadores de opinião.


 Propaganda anticristã – Sobre reportagem recente que aponta que papiro que faz menção à “mulher” de Jesus não é falso – link para reportagem

Ó céus! Mais do mesmo!


É só se aproximarem as festas cristãs do Natal e da Páscoa que, ano após ano, a mídia ocidental vai bombardear os pobres dos cristãos som seus factóides e com suas reportagens sensacionalistas.

Uma vez que somos todos juízes, acho que entendemos muito bem a diferença entre uma falsidade material e uma ideológica. Ainda que o papiro não seja materialmente falso, a questão é saber se a informação nele contida é minimamente confiável. Porque, se for falsa, o papiro será falso do mesmo jeito.

É óbvio que não existe a mais vaga razão para que se desprezem textos cristãos do primeiro século nos quais se atesta a veracidade dos acontecimentos do Evangelho, ao mesmo tempo que se incensem papiros muito mais tardios, escritos em círculos gnósticos cujo comprometimento com a verdade histórica é rigorosamente nenhum.

Até mesmo Bart Ehrman, possivelmente o estudioso da atualidade mais crítico do Novo Testamento, reconhece que a crença dos cristãos na divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo remonta, aos primeiros anos do cristianismo.

Existem literalmente milhões de cópias de manuscritos dos primeiros três séculos que nos permitem saber, com certeza, que o texto do Novo Testamento original é aquele que temos hoje e que qualquer teoria de que eles tenham sido corrompidos não passa de mera especulação.

Todas estas evidências são solenemente desprezadas.

Mas, basta surgir um testozinho de um papiro do século sexto (ou do século nono) para que a propaganda anticristã se renove.


- “Jesus histórico” 

O grande problema de toda esta celeuma por detrás da busca do "Jesus histórico" é que ela parte do pressuposto que o Personagem do Novo Testamento não é histórico para chegar-se à conclusão de que Ele é apenas um mito. Toma-se por provado o que se quer provar, sendo que o leitor comum não percebe esta armadilha.

O fato, contudo, é que a grande dispersão de cópias antigas do Novo Testamento e a imensidade de manuscritos que chegaram até nós é o que de mais sólido historicamente falando temos acerca de uma pessoa que tenha vivido no mundo antigo. Se não pudermos tomar os quatro Evangelhos como narrativas históricas, teremos que admitir que nada sabemos nem podemos saber de ninguém ou de fato algum que tenha acontecido talvez até o advento da imprensa.

O ceticismo que este pessoal emprega quanto ao texto dos Evangelhos não é empregado para rigorosamente mais nenhum documento do mundo antigo. E isto tem uma razão: se admitissem que os Evangelhos são fidedignos, então, teriam que admitir que o Homem nele retratado perfez os maiores milagres de que já se ouviu falar, ressuscitando mortos, andando sobre água, acalmando tempestades com um mero gesto. Teriam que admitir que Ele morreu numa Cruz e que Seus discípulos O viram três dias depois, ressuscitado (coisa que mesmo Reza Aslam, um historiador muçulmano engajado em denegrir a imagem de Jesus Cristo, admite). Teriam que admitir que Ele afirmou ser Deus em pessoa e que apenas quem n’Ele cresse é que tem salvação.

E, admitindo isto, teriam que mudar radicalmente suas vidas.

Daí o ceticismo exacerbado: ele é fruto de uma necessidade apriorística de negar um fato seja lá com que argumentos for.

É muito bom lembrar-se disto sempre que factóides como este surgirem na imprensa.


- Proposta de deputado estadual mineiro para a reserva de 10% das vagas, em concursos públicos do Estado de Minas, a dependentes químicos - link para reportagem.

Para alguns, a ideia pode parecer imbecil, mas, na verdade, não é. É apenas perversa. Talvez haja imbecis que a aprovem, mas quem quer que seja que a tenha concebido não é exatamente um ser desprovido de cérebro; é desprovido de moral.

Uma boa lei deve incentivar as virtudes e coibir os vícios. Uma lei que claramente premia um vício é destinada a ser mais um passo rumo à tão sonhada corrupção absoluta da sociedade brasileira, como manda a revolução de que tanto temos falado.

Mas a pergunta que não quer calar é a seguinte: a reserva de vagas valerá para concursos para a polícia, para o MP e para a Magistratura?


- Sobre direitos humanos e o Estado Moderno

Dizer que os direitos humanos nasce com os Estados Modernos é uma patente bobagem. Os intelectuais brasileiros parecem não perder a mania de achar que o Estado é fonte de tudo.

Ora, se os direitos são humanos (inerentes à pessoa humana) eles pré-existem aos Estados Modernos, e a fonte deles não é nenhuma organização política nem qualquer legislação: a fonte deles (ora bolas) está na própria natureza do homem. Mas já viu, né: admitir isto seria abrir espaço para um questionamento absolutamente incômodo para qualquer "intelectual" moderno: qual a natureza humana e quem (aliás, Quem) a constituiu?


E, como magistrado, não tenho nenhuma "crença inabalável" na humanidade (acreditar nisto depois de tudo o que aconteceu no século XX é fechar os olhos para a realidade das coisas). Ao contrário, penso (como já disse) que temos uma tendência inata ao mal. Esquecer-se de tal tendência é o que tem permitido, aí sim, desde o surgimento dos estados Modernos, todo tipo de despotismo e de barbaridades.


- Sobre o Evolucionismo

Antes que a questão se transforme em mais um celeuma quilométrico, deixem-me esclarecer o que eu penso.

a) Existe um debate científico acerca do evolucionismo (e ele está facilmente acessível a todos nestes tempos de internet). Tanto os defensores da ideia quanto os detratores dela apontam para determinadas evidências, sem que qualquer dos lados aponte para provas definitivas.

b) Assim, tudo o que nos é possível é, honestamente, conhecer os argumentos de ambos os lados e apontar quais aqueles que nos convencem, sem jamais termos a pretensão de dar, nós mesmos, uma palavra definitiva sobre o assunto.


c) Por exemplo, pessoalmente entendo que a existência das chamadas complexidades irredutíveis, o fato da explosão de vida ocorrida no período pré-cambriano e a completa ausência de registro fóssil que comprove qualquer evolução de uma espécie à outra são argumentos muito mais convincentes contra a evolução do que qualquer coisa que eu já tenha ouvido dos evolucionistas. Da mesma forma, argumentos metafísicos ("o menos complexo nunca gera o mais complexo", razão pela qual seria muito mais plausível que o macaco fosse uma degeneração do homem do que o homem uma evolução do macaco) são extremamente convincentes para mim.


Por outro lado, argumentos como o que apela para a existência de órgãos aparentemente sem função ou para a semelhança embrionária das mais diversas espécies, parecem-me extremamente fracos e sacados na base do se non è vero, è bene trovato, o que me faz pensar que a razão está do lado dos que dizem que não houve evolução alguma.


d) Contudo, por ser pessoalmente incapaz de checar, por exemplo, se as complexidades irredutíveis realmente existem, penso que não posso ter a pretensão de uma opinião definitiva sobre o assunto. Apenas conversar amistosamente sobre ele.


Se alguém aqui (além de ser um juiz, e que, portanto, sabe tudo de leis - como  acham nossos familiares) realmente se achar com competência científica para emitir um verdadeiro juízo definitivo acerca da matéria, então, por favor, identifique-se e diga em qual Comarca trabalha, para que eu possa pessoalmente dirigir-me até lá para pedir um autógrafo.



Sobre o decreto 8.243/14, do Executivo Federal, que cria a PNSP – Política Nacional de Participação Social e o Sistema Nacional de Participação Social

É bastante significativo o comentário de um dos textos sugeridos por você sobre Marcuse (tradução minha): 

"Marcuse considerava a tolerância tradicional como 'tolerância repressiva', que precisava ser substituída pela 'tolerância libertadora'.
Resumidamente, a tolerância libertadora envolvia a 'intolerância contra os movimentos da direita e tolerância para com os de esquerda.' Os Movimentos da Esquerda incluíam o ativismo de vários grupos, que Marcuse encorajava a se identificarem como oprimidos,
incluindo os homossexuais, mulheres, negros e imigrantes. Somente os grupos minoritários, como estes, poderiam ser considerados objetos legítimos de tolerância."

Tome-se este texto e releia-se o decreto do PNSP, no qual se diz que um dos objetivos é o de "desenvolver mecanismos de participação social acessíveis aos grupos sociais historicamente excluídos e aos vulneráveis”.

Bem, as bases para quem quiser investigar o que realmente está acontecendo estão bem dadas. E repito: que cada um tire suas próprias conclusões. As minhas, com certeza, eu já tirei.


- Ciência, Verdade e Santo Sundário

Um dos problemas com a tua abordagem é que ela parece supor que quem defende determinadas posições é, necessariamente, um analista enviesado e, portanto, indigno de credibilidade. Porém, quem defende outras, em nome da "ciência", é, necessariamente, imparcial e aborda determinados temas com uma absoluta neutralidade.


Mas não é assim. Infelizmente, muitos (provavelmente a maioria) dos cientistas têm um compromisso com uma visão de mundo materialista e, portanto, devemos ter com determinadas conclusões vindas deles a mesma cautela que você parece ter com conclusões vindas de outros grupos.  Gosto muito de citar um discurso de um biólogo, Richard Lewontin:

“Nós ficamos do lado da ciência, apesar do patente absurdo de algumas de suas construções, apesar de seu fracasso para cumprir muitas de suas extravagantes promessas em relação à saúde e vida, apesar da tolerância da comunidade científica em prol de teorias certamente não comprovadas, porque nós temos um compromisso prévio, um compromisso com o materialismo. Não que os métodos e instituições da ciência de algum modo compelem-nos a aceitar uma explicação material dos fenômenos do mundo, mas, ao contrario, somos forçados por nossa prévia adesão ao conceito materialista do universo a criar um aparato de investigação e um conjunto de conceitos que produzam explicações materialistas, não importa quão contraditórias, quão enganosas e quão mitificadas para os não iniciados. Além disso, para nós o materialismo é absoluto; não podemos permitir que o "Pé Divino" entre por nossa porta." (New York Reviews of Books, maio de 1987 - negritos nossos). 

Portanto, devemos sempre ter cuidado com o que lemos e com as fontes que pesquisamos, sejam elas religiosas, sejam materialistas, sejam, enfim, de pessoas que se dizem neutras. A ciência é maravilhosa; infelizmente, os cientistas, contudo, são tão falhos e compromissados com um determinado ponto de vista quanto qualquer outra pessoa.
 (...)
O Santo Sudário pura e simplesmente não pode ser uma “fraude medieval” porque os detalhes mais convincentes do Crucificado nele existentes somente são visíveis em negativo. Isto exclui qualquer possibilidade de que uma mente malvada da Idade Média tenha confeccionado o pedaço de linho para enganar a nós, pobres homens do século XXI.

Além disto, os detalhes que surgem na imagem em negativo acerca da crucifixão simplesmente não eram conhecidos da época em que supostamente a fraude teria ocorrido.

Na verdade, o único argumento de peso contra a veracidade do Santo Sudário que eu conheço é a datação de carbono 14 feita, parece-me, na década de 80 do século passado. Contudo (e sem querer adentrar aqui no problema intrínseco deste método de datação) mesmo um dos cientistas que participou da pesquisa reconheceu que houve um problema com ela, visto que o pedaço de tecido retirado do Santo Sudário havia sido reconstituído por religiosas no século XV (ou XVI, não me recordo agora) após um incêndio que danificou as pontas. Todo o caminho traçado por este cientista desde sua participação na pesquisa até o seu reconhecimento do erro é que foi o objeto do documentário de que eu disse (e, como você sabe, o Natgeo não é exatamente um canal preocupado em defender o cristianismo).
(...)
 Indico apenas, como começo de pesquisa, o site http://www.santo.sudario.nom.br/
(...)
Na verdade, todo o documentário gira em torno do fracassado teste de carbono 14 (a única objeção séria levantada em face do Sudário) e de como um dos cientistas envolvidos (Dr. Raymond Rogers), MUITO A CONTRAGOSTO, chegou à conclusão de que o teste não teve qualquer validade na datação, visto que feito em pedaços de pano reconstituído no século XVI.

A honestidade intelectual do Dr. Raymond foi tamanha que, mesmo com câncer e sabendo ter pouco tempo de vida, fez questão de gravar seu depoimento e de pedir a amigos cientistas que levassem adiante suas pesquisas para tirar qualquer dúvida. 
E adivinhe qual foi a conclusão deste amigos? 
(...)

...terias, por acaso, alguma explicação para o fato de que os detalhes da crucificação somente aparecem em negativo e de como poderia um medieval elaborar tamanha e tão fenomenal fraude? 


* O autor é Juiz de Direito no Estado de São Paulo