ONU: Um Lobo
que Despe a Pele de Cordeiro.
Por
Alexandre Semedo de Oliveira*
Nos últimos
dias jornais do mundo todo reportaram que a ONU finalmente cumpriu um dos
sonhos dos socialistas de todos os matizes: passou um verdadeiro “pito” na
Santa Sé, criminalizando, aos olhos do mundo, toda a Igreja Católica por crimes
de pedofilia praticado por padres. Tal puxão de orelhas foi recebido com imensa
e indisfarçável alegria em muitos meios: finalmente aquela que “a todos julga e
que por ninguém é julgada”, recebeu uma condenação “oficial” por atos imorais
de parte do clero. Tanto pior para boa parte da hierarquia católica, que, desde
o Concílio Vaticano II, decidiu que a Igreja não mais deveria julgar quem quer
que fosse, imaginando que esta postura francamente irenista faria com que seus
inimigos passassem a amá-la...
De plano, é
necessário deixar-se claro que não se pretende aqui negar nem a amplitude nem a
gravidade do escândalo envolvendo a pedofilia no clero católico. Que existe uma
crise na Igreja é a coisa mais evidente do mundo e qualquer tentativa de negá-la
ou é pura enganação ou pura ignorância. Esta crise se revela tanto em aspectos
morais quanto em aspectos doutrinários, e engolfa tanto os leigos quanto o
clero. O escândalo dos casos de pedofilia, no âmbito da moral, é apenas o mais
evidente e mais doloroso aspecto desta crise pós-conciliar que se abate sobre
nós, embora não seja o único.
Da mesma forma,
não se nega que, em muitos casos, a postura de bispos e de padres frente a
casos comprovados de abusos foi vergonhosa. Mas entendo que há de se ressaltar
(pois a mídia, e, ao que tudo indica, a própria ONU o escondem) que os padres e
bispos envolvidos, tanto nos atos de pedofilia em si, quanto num suposto
encobrimento deles, são, em sua imensa maioria, proveniente do catolicismo dito
“liberal”, amado, incensado e apontado como exemplo de catolicismo moderno por
todo o establishment esquerdista. E
isto, por si só, demonstra que a verdadeira solução para esta crise encontra-se
não no abandono da prática de vida verdadeiramente católica (como sugerido no
próprio relatório), mas, ao contrário, no redescobrimento do verdadeiro
catolicismo, com toda sua moral e sua intransigência, típicas de quem possui a
verdade ao seu lado.
Assim,
sem querer negar o problema nem discutir propriamente sua solução, pretendo
neste pequeno artigo responder duas perguntas que qualquer bom católico deve
estar se fazendo quanto a esta postura da ONU para com a Igreja: “por que?”,
e, “por que agora?”
Muito embora ao
que tudo indica o relatório traga como desculpa oficial a preocupação com o bem
estar das crianças vítimas de abuso, tenho por mim que a ONU não está, na
verdade, minimamente preocupada com a pedofilia em si. Dou apenas dois exemplos
(um internacional e outro tupiniquim) que o demonstram cabalmente.
Primeiramente,
o exemplo internacional: estivesse preocupada com a situação de crianças
abusadas por adultos, e a ONU estaria pressionando, com mão de ferro, os países
islâmicos nos quais tal prática faz parte da cultura popular em muitos locais.
Sob um ponto de
vista islâmico, Maomé seria o “supremo modelo de conduta humana”, o homem cujos
atos devem ser imitados e perfazem a regra moral para milhões de muçulmanos
mundo afora. Em que pese haver dúvidas objetivas de que ele tenha de fato
existido, o fato é de que o mito do profeta do Islã tem uma biografia. E, em
tal biografia, quando já contava com cerca de 54 anos, ele, casado com várias
outras mulheres, quis ainda se casar com Aisha, uma menina de então seis anos,
embora tenha esperado que ela completasse nove anos para consumar o casamento.
Por mais que a
figura de um velho já quase sexagenário com uma pequena criança seja chocante
para o Ocidente, no mundo islâmico a conduta de Maomé é tida por regra de boa
moral. Assim, este infeliz casamento faz com que meninas ainda na infância
sejam obrigadas a ser casar com homens, algumas vezes bem mais velhos do que
elas, pois mais que não estejam ainda psicológica e fisicamente preparadas para
o ato sexual, às vezes com trágicas consequências como no caso da menina Rawan,
morta
no ano passado no Iêmen após casamento com um homem de 40 anos.
Contudo, não há
(ao menos até onde eu saiba) nenhuma condenação por parte da ONU quanto a tal
prática absolutamente comum em vastas áreas do mundo muçulmano.
Agora, o
exemplo tupiniquim: estivesse a ONU minimamente preocupada com a pedofilia, e
teria ela exigido explicações do governo brasileiro pela aprovação da Lei 12.549/12,
que, em essência, permite a prática de atos sexuais entre adultos e menores de
idade em casas de internação. Veja-se:
Art. 68. É assegurado ao adolescente casado
ou
que viva, comprovadamente, em união estável o
direito à visita íntima.
Parágrafo único. O visitante será identificado e
registrado pela direção do programa de atendimento, que emitirá documento de
identificação, pessoal e intransferível, específico para a realização da visita
íntima.
Se o leitor
entendeu, terá percebido que a lei nada mais fez do que legalizar, ainda que em
casas de internação, a pedofilia, paga com o dinheiro de todos nós.
Fico nestes
exemplos, mas haveria outros a demonstrar que a preocupação da ONU não é (e nem
pode ser) a pedofilia propriamente dita, nem o sofrimento das crianças vítimas
destes abusos.
Na verdade, as
razões pelas quais julgou e condenou a Santa Sé se tornam claras quando se sabe
que, em seu relatório, mostrou-se ela preocupada com a oposição católica aos
métodos contraceptivos, ao aborto e ao casamento “gay”. O que a ONU pretende é,
num giro de lógica fenomenal, sob o pretexto de que alguns padres abusam de
crianças, pressionar a Igreja para forçá-la a deixar de se opor às práticas
modernas que impedem que estas mesmas crianças sejam concebidas, e para fazer
com que deixe de tentar garantir que, após a concepção, elas tenham assegurado
seu direito de nascer.
Assim, aproveitando-se
de um fato real e chocante para a maioria dos católicos, a ONU visa, na
verdade, minar a resistência católica à agenda da própria ONU, deixando livre o
caminho para a implantação de um governo mundial.
Mas, pode-se
ainda indagar: se os escândalos de pedofilia são tão antigos, por que apenas agora
é que a ONU se saiu com esta condenação com ares de indignada?
A resposta a
tal pergunta exige uma certa dose de especulação, pelo que me permito especular
um pouco para tentar respondê-la. Penso que tal condenação (e a pressão
internacional que dela naturalmente surgirá) foi proferida apenas agora porque,
para as esquerdas, este é o momento propício. Há um sentimento generalizado de
que no Trono de São Pedro senta-se um camarada,
de que, finalmente, há um Papa que irá impor à Igreja as mudanças de fundo
desejadas desde há muito por todos os seus inimigos. A condenação em si fornece
munição para que todos os liberais infiltrados na Igreja possam pressionar um
pontífice que, ao menos na visão deles, não somente é sensível a tais mudanças,
mas que seria mesmo simpático à agenda esquerdista.
Trata-se,
assim, de uma verdadeira guerra, agora abertamente declarada. Nosso inimigo
mostra claramente seus dentes. Quem sabe, com isto, muitos de nós acordem e,
munidos de suas armas espirituais, ponham-se de pé para lutar pela Barca de
Pedro e por seu Comandante.
* O autor é Juiz de Direito no
Estado de São Paulo
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