Introdução ao Islã: Noção Fundamental Sobre a Natureza da Religião de Maomé.
Desde há muito
tenho pensado em escrever acerca do Islã, trazendo, ao brasileiro comum,
informações que são absolutamente escassas (e, em alguns casos, inexistentes) em
língua portuguesa, embora por demais importantes para conhecermos a natureza
desta religião. Sem tal conhecimento, é quase que impossível entender-se o que
está ocorrendo no mundo e prever-se o que ocorrerá em breve se não tomarmos as
devidas providências quanto ao avanço do Islã do Ocidente.
De fato, nossos
cérebros estão paralisados pela adoção do politicamente correto, e não nos
atrevemos a ver no Islã aquilo que ele efetivamente é: um inimigo feroz do
Ocidente e, particularmente, do Cristianismo, máxime do Catolicismo. Exatamente
por isto, estamos abrindo as portas aos seguidores de Maomé, que invadirão
nossas sociedades graças à apatia em que nos encontramos; e que aniquilarão
nosso futuro, graças à lei islâmica, que eles imporão sobre todos nós.
É necessário,
desde logo, entendermos um ponto crucial. Há uma tendência natural do ser
humano em tomar por universais determinados fatores que são típicos apenas de
uma determinada realidade. Isto é facilmente constatável, por exemplo, quando
alguém estuda uma língua estrangeira. O aluno, frequentemente sem dar-se conta,
projeta na língua que está aprendendo determinados padrões de sua língua natal
e espanta-se quando aprende (se é que alguém o alerta disto) que, na língua
estudada, os padrões são outros.
Isto ocorre,
igualmente, no campo das religiões. Naturalmente, tendemos a imaginar que
padrões de uma determinada religião (no nosso caso, do Cristianismo) são
universais, sem nos darmos conta de que, na verdade, eles são típicos apenas
daquela fé religiosa específica, sendo estranhos às demais.
Quando um cristão
pensa em religião, ele entende, basicamente, uma série de doutrinas e de ritos
que se destinam a reatar a amizade perdida do homem para com Deus. Há, no Cristianismo,
uma ideia central de queda e de redenção: todos caíram e, agora, cabe a cada um,
individualmente, buscar reatar-se com Deus. Desta forma, para nós, a religião
é, sobretudo, algo do foro íntimo de cada um, e se traduz na forma pela qual
uma pessoa se relaciona com Deus. É certo que, em sociedades que se deixaram
converter à fé cristã, os princípios cristãos devem pautar, igualmente, a
conduta pública dos governantes, moldando aos poucos as instituições. Mas tal
influência pública da fé é algo secundário: o Cristianismo realiza-se
plenamente sem ela na alma de cada crente que se deixa tocar pela Graça divina.
Tal visão de
queda e de redenção é algo tipicamente cristão. Ela não se aplica diretamente
às maiores religiões do mundo e, com certeza, não se aplica ao Islã. Para um
muçulmano, não houve queda nem pecado original; os que pecam não precisam,
propriamente, de redenção alguma, bastando pedir perdão a Deus; a rigor, a
própria salvação eterna é algo que se insere na absoluta discricionariedade
divina: Deus salvará quem quiser e deixará perder os que lhe aprouver. Tanto
que, segundo a tradição islâmica, sequer Maomé tinha certeza de que se
salvaria.
Na verdade, o Islã
é, antes de tudo, um projeto social e militar[1].
Ele pretende ser um código legal que disciplina toda a vida de uma sociedade,
código este ao qual todos devem se submeter, sejam eles muçulmanos ou não. Se
pudermos resumir, uma frase que eu ouvi de um muçulmano certa vez é
absolutamente perfeita: o Islã é a lei islâmica (shari’a); a lei islâmica é o Islã. Dentro do Cristianismo, as
questões relevantes são questões doutrinárias e relativas à fé, tanto que
padres e pastores devem se dedicar à teologia, sendo esta a matéria que mais
suscita debates. No contexto islâmico, contudo, as questões relevantes se
referem à jurisprudência islâmica, sendo que o principal estudo para os líderes
religiosos é, exatamente, o estudo da lei religiosa.
Resumindo, o
cristianismo é a religião do credo; o
islã, a religião da lei.
Assim, quando
comparado ao cristianismo, o Islã inverte a ordem das coisas: a primeira
preocupação do islamismo é moldar a sociedade (e o mundo) à shari’a; apenas num segundo plano é que
há uma preocupação com a forma pela qual o crente se relaciona com Deus.
A percepção deste
fato é algo devastador para todos aqueles que julgam ser possível uma
convivência pacífica de muçulmanos com cristãos ocidentais. Isto porque, sendo
dever dos muçulmanos impor a shari’a à
sociedade, em todo e qualquer lugar que eles se tornarem maioria, a lei
islâmica será imposta e deverá ser obedecida por todos, mulçumanos ou não. E,
no decorrer desta série de artigos, veremos o que tal fato significa.
Apenas para que
os leitores comecem a ter uma idéia, a shari’a
é um conjunto de leis que abrange praticamente todos os aspectos da vida. Relações
civis e familiares; crimes e penas; forma de vestir; relação dos muçulmanos com
os não crentes; normas de etiqueta; tudo se coloca sob o julgo desta lei.
Os brasileiros
que tiveram o prazer de ler A Cidade do
Sol, de Khaled Hosseini, puderam perceber o que estou tentando mostrar. A
estória gira em torno de duas mulheres afegãs, perdidas em meio a guerras civis
e que assistem a ascensão do Taliban
ao poder, ascensão esta que representou, da forma mais crua e direta, a
aplicação da shari’a no Afeganistão.
No capítulo 37, uma das personagens principais (Mariam) lê um folheto no qual
se explicavam as novas normas sob as quais todos viveriam, normas estas que
eram constantemente repetidas numa rádio chamada sugestivamente de “A Voz da Shari’a”. As normas eram as
mais draconianas possíveis e incluíam, entre outras coisas: o uso obrigatório de
turbante e de barbas compridas por parte dos homens; a proibição de se jogar
xadrez, de se ouvir música e de se soltar pipas; a pena de amputação de mãos e
de pés para quem praticasse roubo; a criminalização da ... criação de
periquitos!
Estas leis (e
outras do mesmo teor) são o que de mais sagrado os muçulmanos possuem. Impô-las
sobre todos é o seu mais alto dever religioso. Um muçulmano que não se preocupe
em moldar uma sociedade à shari’a é
idêntico a um católico que não vê nenhum mal no aborto ou no “casamento” gay: pode continuar a se definir como
muçulmano, mas abandonou na prática a fé islâmica.
Fixado esta
premissa essencial, no próximo artigo adentraremos em outros pontos importantes
e pouco comentados acerca do Islã.